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Foto do escritorLuciana Padovez Cualheta

5 erros que cometi quando abri meu primeiro negócio e que você pode estar cometendo também




Eu sempre tive vontade de abrir um negócio, tanto pela influência do meu pai, que é empreendedor, mas principalmente movida pela ideia de da autonomia, da flexibilidade e pelo desejo de deixar minha marca no mundo. Além disso, eu queria ficar rica antes dos 30, para poder viajar, e ter minha própria empresa parecia a melhor forma de fazer isso.

Apesar da vontade, eu não sabia qual negócio abrir e não tinha muitos conhecimentos sobre como começar mesmo tendo me formado em Administração. Então, como era de se esperar, eu cometi vários erros quando abri meu primeiro negócio aos 22 anos. Esses erros foram fundamentais para meu aprendizado e me fizeram crescer muito, mas poderiam ter sido evitados. Por isso, quero compartilhá-los com você:

1. Não fazer pesquisa de mercado


Eu decidi abrir um restaurante de comida japonesa em uma terça-feira, quando sai para comer comida japonesa e passei por três restaurantes diferentes e não encontrei lugar para me sentar. A lotação me indicava que existia uma alta demanda na minha cidade. Eu estava certa sobre a demanda, mas isso não queria dizer que qualquer restaurante faria sucesso.

Eu não fiz pesquisa para entender o comportamento dos meus clientes. Se eles saiam em grupo, casal ou sozinhos, se preferiam restaurante com festival, comida por quilo ou combinados, quais eram os produtos mais vendidos. Também não pesquisei quanto outros restaurantes do mesmo segmento faturavam, qual era o custo das mercadorias, se existiam fornecedores com bons preços na cidade.

Ou seja, eu não fiz pesquisa nenhuma. Tive uma ideia, me apaixonei por ela e decidi que iria fazer acontecer. É isso que a maioria dos empreendedores faz e é por isso que a maioria dos negócios fracassa. Com uma pesquisa simples eu teria percebido que meus custos seriam altos demais e que as pessoas não iriam almoçar em um restaurante naquela localização.

2. Desejo de ser a primeira

O restaurante que eu escolhi abrir era uma franquia, do tipo fast food, com um estilo mais descolado. Até então, não existia nenhum restaurante assim em Goiânia (eu abri o meu em 2012). Eu nunca gostei de fazer o que todo mundo faz e sempre amei ser diferente. Por isso, quis muito ser a primeira a ter um restaurante japonês nesse formato.

Essa ansiedade para ser a primeira me fez atropelar várias etapas (como a pesquisa de mercado) e também a gastar muito mais dinheiro. Gastei com a reforma para tentar inaugurar logo e tive custos altos com marketing, pois eu precisei fazer as pessoas entenderem esse novo formato de restaurante. Como estavam acostumadas a comer em rodízio ou por quilo, quando os clientes viam os combinados menores e mais baratos (hoje comuns), eles não entendiam bem como funcionava. Ainda, comida japonesa era sinônimo de status e não de preço baixo e agilidade como eu oferecia, por isso eu precisei convencer as pessoas a ir até lá, ao investir em propagandas em rádio, outdoor e redes sociais.

Ser o primeiro sempre acarreta custos extras. Essa é a grande vantagem de ser o segundo entrante. Você entra em um mercado que já está um pouco mais acostumado com sua proposta de negócio.

3. Ter um negócio que não combinava comigo

Eu sempre gostei muito de comer, mas nunca gostei de cozinhar. Eu não entendia absolutamente nada sobre gerir um restaurante. O problema não foi a falta de experiência na área, mas o quanto a rotina do negócio não tinha a ver com a minha. Eu sempre gostei de dormir muito cedo, e no restaurante precisava ficar acordada no mínimo até às 2 da manhã. Tenho um estilo de liderança mais flexível, que não combinava muito com o perfil dos meus funcionários, que precisam ser comandados de muito perto.

Além disso, eu adoro gerar e implementar ideias e de fazer as coisas do meu jeito. Ao abrir uma franquia, eu acabei limitando bastante a minha autonomia, já que várias coisas eram pré-determinadas pela franqueadora. Com o tempo, isso tornou-se uma insatisfação que me desmotivava.

Por isso, sempre recomendo que antes de abrir qualquer negócio você tente fazer uma espécie de estágio em empresas parecidas. Talvez você tenha um amigo que tenha um restaurante e possa passar uns dias por lá. Talvez você conheça pessoas para entrevistar e entender como é sua rotina. Procure uma forma de experimentar para tentar identificar se aquele negócio é para você. Talvez não dê para ter certeza absoluta, mas dá para identificar várias evidências de que você vai ou não gostar.

4. Depender de uma mão-de-obra especializada

Um dos grandes segredos de sucesso de um restaurante japonês é um bom sushiman. Isso parece óbvio, mas eu achava que existiam vários bons sushimans no mercado, então eu poderia contratar vários deles. Não é verdade. Alguns faziam uma ótima comida, mas eram lentos. Outros eram muito rápidos, mas a comida não ficava tão bem feita. Outros cozinhavam bem, eram rápidos, mas brigavam com todo mundo ou iam trabalhar bêbados.

Logo eu percebi que teria que contratar e treinar minha própria equipe. Uma vez que identificava boas características de personalidade, eu pagava um treinamento de sushiman para essa pessoa. O problema é que isso custava tempo e dinheiro. É claro que muitas empresas dependem de mão de obra especializada, mas nesse caso, o sushiman determinava a qualidade da comida que eu servia e a agilidade do atendimento, então eles eram diretamente responsáveis pelo meu sucesso. Eu não conseguia fazer a comida sozinha (mesmo tentando muito).

Por isso, antes de começar seu negócio, identifique o quanto você irá depender de uma mão de obra específica e saiba que isso pode te custar muito mais do que você imagina.

5. Não ter capital de giro e reserva financeira

Os custos com a reforma foram muito maiores do que eu esperava e eu imaginava que chegaria ao ponto de equilíbrio (receitas=custos) em apenas três meses. Isso não aconteceu. Na verdade, eu só alcancei o ponto de equilíbrio 14 meses depois de abrir, porque meus custos também eram altos (lembra da mão de obra especializada?) e minha receita não era alta (lembra que eu tive que ensinar os clientes a consumir?).

Por sorte, na época era muito fácil conseguir empréstimos e eu consegui quitar todos eles com o passar do tempo, mas não recomendo que você corra esse tipo de risco. Tente começar seu negócio com uma reserva financeira para pelo menos seis meses de operação. Ainda, tente começar um negócio com o mínimo. Eu jamais teria feito uma estrutura tão grande hoje em dia. A pandemia está mostrando que ter um negócio na corda bamba financeira é arriscado demais.

Cometer erros ao abrir um negócio é inevitável. Aliás, os erros vão acontecer durante todo o processo empreendedor. Mas, você não precisa gastar tempo e dinheiro cometendo os mesmos erros que alguém já cometeu antes. Por isso, recomendo que você sempre leia histórias ou converse com pessoas que já começaram para aprender com os erros delas também. Eu sempre ficarei feliz em compartilhar os meus.

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